Crise fecha mais de 10 mil postos de comércio no Ceará em quatro anos
Comércio caiu em postos e vagas, mas cresceu em receita
bruta de revenda
(Foto: Aurélio Alves / O POVO)
Estudo do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do
Ceará (Ipece) revelou que o período de crise econômica no Brasil fez com que
mais de 10,6 mil postos de comércio do Estado fechassem as portas entre 2013 e
2016.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de
Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, o alongamento da crise macroeconômica bem
como as altas taxações prejudicam empresários.
A redução representa queda de 18,82% de todos os 56,7 mil
pontos do tipo que existiam no Ceará em 2013, último ano de crescimento
expressivo da economia brasileira. Segundo o Ipece, principais retrações foram
em empresas de comércio de veículos, peças e motocicletas (-21,26%), do
comércio varejista (-19,34%) e do comércio atacadista (-8,65%).
No campo do emprego, o número de pessoas ocupadas no
comércio também caiu de 289,7 mil em 2013 para 280,7 mil em 2016 (-3,14%). Os
números seguem tendência nacional, tendo 11 estados registrado quedas no mesmo
período. Ainda assim, o Ceará teve queda na participação do número total de
comércios no período, de 0,52%.
O fraco desempenho no setor acabou fazendo o Ceará perder
espaço frente a outros estados como Pernambuco. Alves avalia como preocupante a
perda de força do comércio cearense, mas justifica afirmando que investimentos
governamentais díspares construíram essa diferença.
O analista de políticas públicas Alexsandre Lira
Cavalcante, que assina o estudo, afirma que o nordeste foi uma das regiões mais
afetadas. "Foi possível perceber que a crise econômica vivida pelo país
desde o final de 2014 resultou na redução progressiva no número de empresas
comerciais", diz.
Modificada nos primeiros meses do ano, a legislação de
alvarás da Cidade causou protestos do setor e as mudanças foram fator que
também causou fechamento de estabelecimentos comerciais, acredita Alves. De
acordo com ele, a atividade comercial das empresas está sendo prejudicada
devido às taxações. Também é objeto de crítica o comércio informal que ocupa
ruas, como a José Avelino, no Centro, que não paga impostos.
Se perdeu postos e vagas em regra geral, o Ceará teve, por
outro lado, crescimento expressivo tanto da receita da revenda de mercadorias
quanto da margem de comercialização das empresas. O Ceará se destacou e teve o
maior crescimento da região, passando de R$ 67,1 bilhões para R$ 85,7 bilhões
(27,61%).
18%
Foi a redução da quantidade de
comércios abertos no Ceará em quatro anos.
Fonte: O Povo